Patricia Marx e a mulher que não tem vergonha de falar sobre sexo
Patrícia Marx não é só um dos maiores ícones da música pop brasileira e uma das grandes desbravadoras deste ritmo por aqui, ela também é uma mulher sem vergonha – no melhor sentido da palavra. Uma mulher sem medo de falar sobre sexo como se fosse tabu, como se fosse envergonhar alguém, ruborizar os conservadores com a cabeça tão retrógrada como nos tempos da vovó. Em sua página oficial do Facebook, a cantora, que atualmente se apresenta com o sofisticado projeto Jazz Experiments, tem falado sobre o assunto de forma divertida e consciente, com postagens como "Pelo fim do nojinho de sexo oral" e "Vou ali transar pra relaxar".
O fato de Patricia ter a liberdade de falar sobre sexo sem preconceitos vem em contraponto à uma pesquisa recente, realizada pela UNIFESP em 2015. A instituição apurou que 60% das mulheres ainda tem vergonha de falar sobre este assunto e 44% acham que isso é um assunto pessoal, não algo que deveria ser falado publicamente. E esse preconceito, ainda enraizado no pensamento do brasileiro, isso virou contra a cantora. Bastou alguns minutos para pipocar em sua página os conservadores de plantão aproveitando a oportunidade para dar 'lição de moral' do que ela deveria ou não falar, do que uma mulher 'pode ou não pode' fazer. O mais inacreditável é ver que boa parte deles são de outras mulheres.
Percebendo isso, ela rebateu os comentários com maturidade e reflexão: "Falar sobre sexo pra mim, é tão normal quanto escovar os dentes. Num país como o nosso, onde tem carnaval, programa na Globo só sobre o assunto, praia, etc, fico chocada de ver quantas pessoas ainda têm vergonha, preconceito, puritanismo e moralismo com quem fala abertamente. Eu, sinceramente, acho q todo mundo tá precisando transar mais, descobrir o próprio corpo e se permitir dar prazer a si mesmo, seja como for. Acredito que sexo e espiritualidade estão intrinsecamente ligados, quando compreendido com amor e desapego, interdependência e prazer sem culpa, escreveu.
Patricia sempre foi uma cantora icônica, forte o suficiente para percorrer 30 anos de história com muita credibilidade, com autossuficiência e servindo de referência para outros nomes femininos na música e fora dela. A bandeira levantada por ela, mesmo sem querer, reafirma a necessidade de desmistificar esses tabus e derrubar pensamentos que são puramente machistas. No fundo, a cantora faz um favor à todos nós: mostrar que as mulheres podem fazer e falar de tudo sem vergonha alguma – até de sexo. E abaixo aos carolas!