Notícias sobre corpo de Anitta reitera machismo e padrões ainda pregados

O universo musical traz uma pressão natural para qualquer artista sobre como sua imagem está sendo replicada para o mundo, mas isso tende a ser muito pior para as mulheres. Enquanto os homens são tratados como charmosos e 'mais reais' quando não estão dentro dos padrões ou exibem uma barriga chapada, tendo comentários positivos de qualquer forma que esteja, as mulheres são constantemente taxadas por seus defeitos e, na mídia, muitas vezes as notícias sobre seus corpos acabam sobressaindo seus trabalhos.

Kelly Key foi um nome que sofreu com a cobrança para estar dentro desses padrões entre 2010 e 2013, quando apareceu com o corpo mais voluptuoso e foi bombardeada de críticas. Afinal, a cantora que foi por dez anos símbolo sexual não poderia simplesmente engordar como uma mulher comum. Os olhares da mídia, público e a indústria de moda, que vende o famigerado manequim 36 como o correto, não deixam que isso aconteça. Não tardou para que outro nome começasse a passar pelo mesmo inferno atualmente: Anitta.

Taxada como 'mais cheinha' pela maioria dos sites – não vimos nada de anormal –, ela tem sido alvo de diversas críticas por seu corpo. Em uma fase onde a cantora está com uma turnê nova rodando o país, prestes a lançar um novo single, com seu programa no Multishow e trabalhando em sua carreira internacional, são mesmo as notícias sobre esse assunto tão banal que ganham as manchetes, mostrando o machismo que ainda está presente na imprensa e, consequentemente, no público que as lê. Estar gordinha é mais importante do que um bom trabalho realizado e gera mais cliques também. Afinal quem não gosta de saber que a gostosona está tão natural como eu e você?

O que muitos se esquecem é exatamente isso, Anitta e tantas outras artistas que sofrem com esses comentários são também pessoas comuns e tem problemas comuns. Questões hormonais, troca da marca do anticoncepcional, chegada do período pré-menstrual e o inchaço natural em algumas fases da vida são apenas alguns pontos que podem trazer algumas transformações temporárias no corpo das mulheres e isso deve ser tratado como algo natural, não como algo à ser jogado em uma fogueira de julgamentos.

E se, no final de tudo, a artista tiver mesmo engordado, qual o problema? Aretha Franklin e Adele não se transformaram em grandes nomes da música mesmo sendo plus-size? E a super-pop Meghan Trainor deixou de fazer música dançante e ser sexy estando acima do peso? E mesmo Anitta, se estiver com o manequim maior, deixará de fazer bons trabalhos, músicas bem trabalhadas e videoclipes com superproduções por isso? São padrões pregadas por pessoas que não admitem que as mulheres podem ser bonitas longe do que é vendido que precisa ser desconstruido ainda. E isso precisa ser urgente.

Afinal, Anitta, Adele, a garota do seu colégio e a moça da padaria são bonitas exatamente como são – magras 'padrão 36' ou não.